sábado, 6 de agosto de 2011

Melodias

Observo-me ao espelho, penetro o meu próprio olhar e começo a soltar, nas minhas expressões, o meu lado mais teatral. Desaperto o delicado casaco que me aconchega o corpo nu e deixo-o cair suavemente no chão fazendo com que toda a minha natureza se reflicta naquele tão sincero pedaço de vidro.
Sem perfeição nem grandes anomalias, tento apreciar a beleza do básico e imperfeito ao som daquele "Jazz" que faz com que me sinta naturalmente mulher, seduzida pelo meu próprio olhar. 
Lábios semi-abertos, olhos franzidos, mente absolutamente intocável... deslizo suavemente as mãos macias por este semi-pedaço de pura malícia, feminismo e impaciência enquanto que enumeres pensamentos e imagens invadem a mais interessante parte de mim. Consigo sentir a minha serena e ao mesmo tempo intensa respiração.
Vou fechando os olhos lentamente, prevendo o toque delicado das minhas pestanas e uma nova sensação começa a nascer em  mim onde consigo sentir os meus lábios a serem abertos por outros, os meus olhos a verem algo semelhante ao paraíso e a minha mente a passar de intocável a completamente desorientada pelo erotismo da natureza humana... outras mãos deslizam, incansavelmente, pelo meu corpo enquanto que eu, abro os olhos e me deparo com todos aqueles pensamentos e imagens que outrora me invadiam a imaginação, a serem reproduzidos naquele instante. Aquela tão perfeita e insubstituível presença, acompanha-me numa coreografia simétrica de movimentos sequenciais que faz com que eu consiga sentir a minha respiração, da mesma forma, duplamente.

Apago a luz, Desligo o "Jazz"... 
Agora somos nós quem faz a melodia... 





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