terça-feira, 12 de abril de 2011

Sem Título

São quatro e trinta e um da manhã, 
Levanto-me e vou cuidadosamente à cozinha para não acordar ninguém e trago para o quarto umas "vimeiro" frescas. Coloco os fones enquanto bebo e olho-me ao espelho: tenho o cabelo completamente despenteado (ainda mais que o costume), a cara pálida e com os olhos inchados. Esta noite lembrei-me de coisas que me eram totalmente dispensáveis e até agora não dormi, apenas vivi um pesadelo.
Ao acordar, procurei de imediato o telemóvel e olhei para o visor na esperança de que tivesse alguma coisa, mas nada... só vi a fotografia do costume e as horas.
De repente chego a conclusão que estou a beber as vimeiro apenas para, de certa forma, arranjar uma desculpa mais conveniente para a minha insónia... uma indisposição. Porém, apercebo-me que a porcaria das águas gaseificadas não me vão aliviar a mente pois a mente não tem "indisposições" que possam ser aliviadas de forma tão simples. Odeio a sensação de me sentir pequena interiormente e odeio que se esqueçam que apesar desta frieza que, aparentemente, possa transmitir, também sou sensível e tenho sentimentos.
 De repente sinto um sabor salgado na boca e não são as vimeiro... 
Estou novamente a lembrar-me de merdas que não interessam. Um grande FODA-SE para isto tudo! Começo-me a sentir completamente idiota ... a esta hora tu, verdadeiro motivo da minha insónia, dormes descansado julgando ter toda a razão do mundo e eu estou aqui feita estúpida a escrever a uma hora destas, preocupada, o que é completamente absurdo, de fones nos ouvidos e olhos vermelhos por uma coisa que me deveria chatear em vez de me deixar neste estado completamente imbecil de coitadinha.
Consigo prever o amanhã...


Quando se faz uma ferida, esta acaba por cicatrizar e por vezes acabamos por nos esquecer dela.
Porém, precisamente por nos esquecermos, às vezes ao mexermos-lhe sem cuidado, com o mínimo toque sem sensibilidade, ela volta abrir e a sangrar... volta a doer novamente. 


"Tento ser"